Maria Madalena, a discípula amada

Pra. Anna Eliza Simonetti

(Pastora Auxiliar da Primeira Igreja Batista em Goiabeiras)

Muita gente acha que Jesus só tinha 12 discípulos. Aposto que você deve ter ouvido isso inúmeras vezes. Mas, o que muitos não dizem para nós é que Jesus também tinha discípulas e essas mulheres foram muito importantes para que o Evangelho avançasse e chegasse até nós.

Uma das discípulas de Jesus que eu admiro muito é Maria Madalena. Você já observou o que a Bíblia diz sobre ela? Nos Evangelhos, Maria Madalena é a mulher mais citada pelo nome. Além disso, ela aparece sempre realizando funções muito importantes para as origens da fé cristã:

– Ela era uma discípula de Jesus, que acompanhava o Mestre junto com os 12, sem nenhuma distinção (Lc 8,1-3). Além disso, o Evangelho de Marcos deixa claro que a Maria Madalena e a outras mulheres são atribuídas atitudes próprias do discipulado de Cristo, pois elas seguiram e serviram ao Mestre durante todo o seu ministério terreno e subiram para Jerusalém dispostas a morrer com ele se fosse preciso (Mc 15,40-41).

– Ela foi testemunha da sua crucificação (Mc 15,40-41; Mt 27,55-56; Lc 23,49; Jo 19,25), ou seja, ficou junto com seu Senhor até o fim, sem temer.

– Ela foi testemunha do seu sepultamento (Mc 15,47; Mt 27,61). Quando até mesmo alguns nomes como Pedro tentaram negar envolvimento com Jesus, essa mulher incrível, verdadeiramente maravilhosa, não “arredou o pé”!

– Ela foi testemunha da sua ressurreição (Mc 16,1-8; Mt 28,1-10; Lc 24,1-10; Jo 20,1;20,1 1-8), ou seja, permaneceu junto ao túmulo, possivelmente crendo na promessa que Jesus havia feito.

– E o mais legal de tudo: ela foi enviada pelo próprio Jesus aos onze discípulos mais “famosos”, para avisá-los da ressurreição! (Mt 28,10; Jo 20,17-18)

   

Uau! Com tantas participações importantes na história de Jesus, deveríamos nos perguntar por que nos falam tão pouco dessa mulher, não é mesmo? Além disso, uma coisa que chama a atenção é que Maria Madalena é citada em primeiro lugar em todos estes textos (com exceção de Jo 19.25, onde a mãe de Jesus – outra Maria maravilhosa! - aparece em primeiro lugar). Ao que tudo indica, Maria Madalena exercia liderança no grupo das discípulas de Jesus. 

Maria Madalena foi, ainda, a discípula que permaneceu no jardim, procurando Jesus, depois que Pedro e o outro discípulo foram embora. Ela chorava angustiada e, de tão triste pela morte de Cristo, chegou a confundir Jesus com o jardineiro. No entanto, ela o reconheceu imediatamente quando Jesus a chamou pelo nome. Em toda a Bíblia, o ato de Deus chamar alguém pelo seu nome faz parte dos relatos de vocação e chamada ministerial. Em Jo 20.16, Jesus chama Maria pelo nome - e talvez do mesmo jeito e com o mesmo tom de voz. Maria responde também da maneira como, provavelmente, sempre o tratou: Raboni, que quer dizer Mestre! A resposta de Maria Madalena também indica que ela encontrava-se numa relação discipular com Cristo, pois Ele era o seu Mestre.

Maria Madalena é admirável porque foi uma discípula fiel, que acompanhou Jesus durante toda sua vida pública.  Uma amiga e companheira que esteve presente na crucificação e que permaneceu diante do túmulo, quando todos foram embora. Foi aquela que primeiro testemunhou a maravilhosa experiência da ressurreição, podendo afirmar com toda a convicção: Eu vi o Senhor!

Precisamos aprender com Maria Madalena a andarmos com Cristo em toda e qualquer situação, a esperar pela manifestação do seu poder e a sermos ousadas anunciadoras de sua obra e de seu poder entre nós! Eu quero muito ser como essa Maria e afirmar com convicção: eu quero estar com Cristo!

Além disso, nós, meninas e mulheres, precisamos revisitar a Palavra de Deus e redescobrir a força daquelas que nos antecederam! Se valorizássemos a tradição das discípulas, então talvez as mulheres descobrissem a sua importância nas origens do Cristianismo e se sentissem animadas a assumir com autoridade, dignidade e pleno direito seus espaços de reflexão, decisão e também no ministério ordenado das igrejas cristãs. Precisamos redescobrir o nosso valor, para estarmos lado a lado com os homens, mantendo a memória fiel do Cristo a quem servimos, que jamais fez distinção entre homens e mulheres! Ao contrário, numa cultura em que mulheres sequer eram contadas, Jesus confiou a uma mulher o testemunho de sua ressureição!

Avante, Mensageiras do Rei! Nossa primeira inspiração para levar a mensagem do Rei Jesus tem nome: Maria Madalena! A mensageira da ressureição, discípula amada, testemunha fiel, convida a mim e a você! Sejamos corajosas e ousadas! Outras gerações de mulheres cristãs dependem de nossa ação, história e memória! Valorizemos a memória de outras mulheres, para que um dia tenhamos a nossa memória resgatada também!

Perguntas para reflexão:

a)Na sua opinião, por que as pessoas não falam que Jesus também tinha mulheres como discípulas? O que impede as pessoas de reconhecerem que mulheres também exerceram papeis importantes e de liderança no início do cristianismo?

b)O que você achou da atitude de Maria Madalena, de permanecer com Jesus em todos os momentos, especialmente os mais difíceis? Você acredita que mulheres podem ser tão – ou mais corajosas – do que os homens? Você poderia contar uma experiência da sua vida onde você foi muito corajosa?

c) Você acha que mulheres podem ser boas líderes? Você conhece mulheres que são líderes exemplares e que inspiram você?

d) Na sua opinião, por que a história da nossa fé cristã geralmente é contada tendo, em sua maioria, os homens como “heróis”? Pensando em Maria Madalena, será que não houve mulheres importantes nessa história ou suas memórias acabam sendo esquecidas? Você acha importante resgatar as memórias das mulheres que nos antecederam? Por quê?

e)  Proposta de tarefa: descobrir a história de, ao menos, uma mulher que fez a diferença na história dos batistas no Brasil.